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Acordo encerra greve de 17 dias na Toyota em Sorocaba

Os trabalhadores da Toyota de Sorocaba aprovaram, nesta sexta, dia 18, um acordo que garante reajustes salariais, fornecimento de vale-compra, aumento no adicional noturno, entre outros itens

Imprensa SMetal
Foguinho/Imprensa SMetal
Proposta de acordo negociada entre Sindicato dos Metalúrgicos e montadora foi aprovada por praticamente todos os trabalhadores

Proposta de acordo negociada entre Sindicato dos Metalúrgicos e montadora foi aprovada por praticamente todos os trabalhadores

Os trabalhadores da Toyota em Sorocaba aprovaram, no final da tarde desta sexta-feira, dia 18, um acordo que garante reajustes salariais, fornecimento de vale-compra, reajuste no adicional noturno e participação nos lucros e resultados pelos próximos dois anos. Com o acordo, os funcionários da montadora encerraram uma greve que já durava 17 dias.

Os dias de greve não serão descontados dos salários. Os funcionários vão compensar esses dias com trabalho aos sábados. O calendário de compensação ainda será elaborado e apresentado aos trabalhadores. Eles terão até março de 2014 para compensar as horas.

O acordo também garantiu estabilidade no emprego por 90 dias para todos os 1.500 trabalhadores da Toyota em Sorocaba.

A negociação entre o Sindicato dos Metalúrgicos e empresa durou três dias, teve participação do presidente da Toyota na América Latina e Caribe, Steve St Angelo, e só foi concluída na madrugada de hoje, dia 18.

Reajustes e vale compra

Com o acordo, o piso salarial na fábrica passa de R$ 1.560 para R$ 1.654, o que representa um reajuste de 6,07%.

O adicional noturno terá reajuste em janeiro de 2014, passado de 20% para 25% sobre a hora normal. O vale-compra, que também será implantado em janeiro, será de R$ 184 por mês e terá reajuste sempre em janeiro de cada ano, com base nos índices obtidos na data-base da categoria do ano anterior.

A data-base, ou campanha salarial, dos metalúrgicos é outro tema previsto no acordo. Os metalúrgicos da Toyota garantiram a reposição integral da inflação, medida pelo INPC, e mais um aumento real de 2% em 1º de setembro de 2014 e de 2015.

Participação nos Resultados

Outra conquista com o acordo foi um Programa de Participação nos Resultados (PPR) de R$ 7 mil por funcionário em 2014. Em 2015 já está garantido também um PPR de R$ 7 mil mais a reposição da inflação e mais 2% de aumento real. Esses valores equivalem a 100% das metas atingidas. Caso as metas sejam superadas, o valor do PPR aumenta.

A respeito do PPR, a negociação entre Sindicato dos Metalúrgicos e Toyota também garantiu que os dias de greve não vão prejudicar a participação nos resultados prevista para este ano, que é de R$ 4.400 no total.

Os aumentos reais previstos no acordo não causam prejuízo aos aumentos reais semestrais previstos anteriormente na política salarial da Toyota em Sorocaba.

Sem levar em consideração os reajustes salariais e outros benefícios, os ganhos financeiros com PPR e vale-compra vão representar uma remuneração extra anual de R$ 9.208.

Cláusulas sociais

Para o Sindicato, a greve foi longa e desgastante em alguns aspectos, mas, quando os trabalhadores se uniram e a empresa decidiu negociar a sério, os resultados apareceram. O acordo também prevê três cláusulas de benefícios sociais.

As funcionárias da Toyota que tiveram filhos de até 18 meses de idade terão direito a um auxílio creche de R$ 596,20 se utilizarem creches credenciadas. Caso não puderem comprovar a despesa com creche, mas tiverem filhos pequenos, terão um auxílio de R$ 330,80. Esses valores serão reajustados na data-base da categoria.

O acordo também formaliza a complementação de auxílio doença pago pela empresa. Quando o trabalhador tiver que se afastar pelo INSS a Toyota paga a diferencia entre o benefício pago pela seguridade social e o salário que ele recebe na fabrica, pelo prazo de 120 dias.

Já a licença paternidade na Toyota de Sorocaba passa de 5 para 7 dias corridos, inclusive em casos de adoção.

Relacionamento melhor

A expectativa do Sindicato, após a greve e a aprovação do acordo, é que a empresa dê mais atenção a futuras reivindicações dos trabalhadores e também a problemas internos que vinham ocorrendo há tempos sem solução.

“Acho que amaduremos todos com esse movimento, a empresa, o Sindicato e os trabalhadores. Considero que o movimento foi vitorioso, inclusive para a Toyota, que pode planejar o futuro com a segurança de que as reivindicações básicas e mais urgentes dos trabalhadores estão definidas”, afirma Ademilson tero da Silva, presidente do Sindicato.

“Muitos na fábrica são jovens e participaram de sua primeira greve. Mas quem fizer carreira na Toyota vai se lembrar desse movimento e poderá dizer, no futuro, que ele participou da luta pela conquista dos avanços que ainda serão usufruídos pelos novos funcionários daqui a muitos anos”, avalia Terto.

João de Moraes Farani, vice presidente do Sindicato em Sorocaba e diretor da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM) afirma também que a empresa ainda precisa dar mais atenção ao relacionamento de chefes e supervisores com os demais trabalhadores. “Falta diálogo e sobra assédio moral por parte de representantes da Toyota que se relacionam diretamente com os funcionários. Essa situação, somada à pauta de reivindicações reprimida, fez surgir a greve”.

Farani também afirma que a ergonomia é outro tema que deve ser objeto de negociação com a empresa. “Chegam ao sindicato muitas reclamação de dores devido ao ritmo, à repetição de movimento e à postura física exigida pelo trabalho. Não queremos que os trabalhadores da Toyota tenham doenças ocupacionais no futuro. Mas, para isso, a empresa precisa tomar providências agora”.

“Queremos que a Toyota invista em Sorocaba, amplie sua planta, aumente a produção, venda mais carros. Mas queremos também que ela gere empregos de qualidade e saiba se relacionar melhor com o movimento sindical, pois o sindicato não vai deixar de lutar pelo interesse dos trabalhadores em primeiro lugar”, ressalta Alex Sandro Fogaça, outro dirigente do sindicato que participou da coordenação da greve e das negociações.

Ademilson Terto da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, liderou a assembleia e considerou o acordo vitorioso para os trabalhadores (Foto: Gabrielli Duarte/Imprensa SMetal)

João Farani- Vice- presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (Foto: Gabrielli Duarte/Imprensa SMetal)

Alex Sandro Fogaça- Diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (Foto: Gabrielli Duarte/Imprensa SMetal)

(Foto: Gabrielli Duarte/ Imprensa SMetal)

Metalúrgicos da Toyota voltando para o trabalho após 17 dias de paralisação (Foto: Foguinho/Imprensa SMetal)

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